terça-feira, 23 de agosto de 2011

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Na Rua da Primavera

(se você procura por frequência tá no lugar errado, my friend!)

Quando me pedem dicas de NY eu tenho várias. Basicamente todas as que estão aqui nesse quase decrépito blog. Mas sempre começo com um lugar e termino frisando o quanto a pessoa precisa ir neste mesmo lugar - daquele tipo de dica que vem acompanhado de "tá, eu te disse isso tudo, mas se alguma coisa ficar de tudo o que eu te disse é isso: Você tem que ir ao Bread!".

O Bread é o meu restaurante preferido de NY. Mas assim, disparaaado. Eu fui lá umas duas vezes com o currículo dentro da bolsa para tentar uma vaga de garçonete, de tanto que eu gostava do lugar. Mas depois acabei desistindo da ideia, assim como desisti de um dia querer trabalhar da Disney (que era tipo meu dreamjob na adolescência): vai que perde a magia, né?

Tive a oportunidade de ir a restaurantes maravilhosos, desde fast food (algum dia eu falo do Chipotle aqui, hummm) até lugares mais finos e elegantes, onde você tem que reservar dias antes. Mas não tenho a menor dúvida quando aponto o Bread como meu lugar preferido para comer na cidade. Eu levei lá todo mundo que foi me visitar enquanto morava lá. E tenho certeza que todas as vezes que voltar é lá que eu vou estrear minha estadia.


Mas vamos ao que interessa - por que ele é tão incrível?

Eu realmente acho que posso estar fazendo um escarcéu e se você for lá pode não se maravilhar tanto quanto eu. Mas a simplicidade do lugar me encanta imensamente. O couvert? Pão com azeite e vinagre. Mas que pão! Uma velinha flutuante e uma florzinha delicada fazem companhia aos pratos simples e deliciosos na mesa de mármore. O clima dá o tom do jantar, que ora pode ser romântico ao som de músicas italianas de amor, ora é uma noite animada com os amigos bebendo vinho e espumante com uma batida latina no ar. Não tem um estilo, é uma experiência única e ponto.

Como a maior parte dos estabelecimentos nova iorquinos, o Bread se caracteriza pela multi-nacionalidade da equipe. Se ouve diversos idiomas, inclusive um português vindo de uma das charmosas garçonetes. A origem da comida? Italiana, não se confunda com o gerente francês. O carro chefe é ninguém menos que o pão, of course. Os paninis são uma delícia, e podem vir acompanhados de salada ou sopa (a de tomate é a melhor que já comi e custa apenas alguns dólares). Mas o que eu recomendo mesmo é o prato de polenta frita coberta com queijo gruyere e cogumelos.



A entrada (que eu farei uma breve descrição mais abaixo) fica meio macabra durante os meses de inverno. Mas basta a temperatura subir um pouquinho para que as portas e janelas se abram para a rua e os banquinhos de ferro formem um lounge ao ar livre, tornando o restaurante super atraente para quem passa. Ao entrar você se depara com um balcão e mesas pequenininhas - bom, nessa cidade é normal que o espaço seja reduzido, né? Mas basta você dar alguns passos mais para dentro para se surpreender com o resto do restaurante. E com os detalhes, únicos daquele lugar.







Fora isso, a Spring Street é famosa por um certo restaurante Balthazar, e outros mais badalados. Mas o que me chama a atenção mesmo nela são esses estabelecimentos mais simples e distantes da populosa Broadway (a rua de compras no Soho, sim é a mesma Broadway dos teatros, ela é tipo uma Av. das Américas que corta a cidade toda). Depois de comer uma comida leve e deliciosa no Bread a boa é comer um pudim de arroz no Rice to Riches ou um crepe de doce de leite com amêndoas no La Crêpe, um do lado do outro, bem na saída do metrô 4,5,6. Hum!!!!


Mas o melhor de tudo mesmo para mim foi como conheci, que representa como a cidade vai se apresentando aos poucos aos moradores: andávamos na rua (eu e minha fiel escudeira Gaby), mortas de fome e de frio (Jesus, que frase impactante). Paramos em um restaurante, sentamos, pedimos o cardápio e cada uma um prato. 5 segundos depois, olhamos uma para a cara da outra e decidimos: não é aqui que vamos almoçar! Saímos nas condições mais adversas - cativamos muito a garçonete que teve que cancelar o pedido - e de repente, no meio do nada, na pacata Spring Street, vemos um toldo preto. O que é isso?! Que horror, qual restaurante que se preza fica fechado assim? E para entrar você ainda passa por uma pesada cortina de veludo vermelha. Ui, alou Edward? Bill? Eric? (pra quem não curte uma nerdice, são todos meus amigos vampiros). Quando a cortina se fecha atrás de nós, isolando o clima gélido do inverno e dá lugar ao clima mais aconchegante do mundo, e mais democrático também, é que a gente decide: esse é o nosso lugar!


Bread Nolita
20 Spring Street, New York, NY 10012(212) 334-1015

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Home, expensive home.

É complicado se virar sozinho em Nova Iorque, mas nada se compara ao o desespero de ter que arrumar um lugar para morar na cidade. Localização, preço, tamanho, roomates, tudo tem que ser levado em consideração antes de se arriscar a entrar em um dos mercados imobiliários mais caros do mundo.

Neste ano eu morei em dois lugares, espero que possa ajudar os futuros desesperados com a minha experiência.

Quando decidi que vinha para cá, só sabia de duas coisas: queria morar sozinha e queria morar em Manhattan. Eu não tinha nem noção de bairro algum, portanto não tinha preferências. Através do site da NYU, onde eu iria fazer o curso, pesquisei diversas opções que eles indicam para estudantes. Aí apliquei (tem que aplicar! vários formulários e você está sujeito a aceitação!) para o 92nd Y e consegui um quarto grande individual, que eu já contei nesse post aqui.

Foi a maior sorte, pois o que eu menos precisava enquanto ainda estava me ambientando e adaptando à cidade era ter que lidar com vizinhos, baratas (a faxineira de lá matou uma pra mim!), contas e o aquecimento não dar vazão (como, coincidentemente, está acontecendo agora no muquifo atual em que moro. brrr!).

Esse esquema de moradias estudantis é uma mão na roda, como diria o meu pai. O preço é alto, mas você não tem que se importar com nada. Faxineira uma vez por semana (descobri que os dormitórios de faculdade não têm isso!), assistência 24hrs, porteiro e elevador (não sei qual dos dois é mais raro por aqui), cantina, academia (à parte, mas apenas 3 andares abaixo), café, etc. Além do quê, você está sozinho sem estar realmente sozinho... Apesar de eu ter escolhido o quarto individual, no meu andar tinha um monte de quartos, e uma certa convivência nas áreas comuns - onde fiz uma amiga incrível (a Gaby, falei dela no post da moradia). Sem falar na segurança, o que faz qualquer um dormir melhor.

Agora eu moro em um studio (como eles chama kitinete aqui, muito mais chique, sorry), onde pago um pouco mais de U$100 a mais por mês, mas vivo como uma nova-iorquina: no frio, sem elevador (ainda bem que moro no 1o!), sem porteiro, sei lá quem são meus vizinhos, tenho 6 chaves no chaveiro, e sem a mordomia de alguém limpar para mim. É tudo uma questão de preferência... Como sabia que iria receber convidados no fim do ano, preferi procurar um outro lugar, onde tivesse mais espaço para eles, e também que não tivesse que pagar por dia por alguém a mais. E também porque realmente, um banheiro para chamar de seu faz diferença.

Dei a sorte de encontrar um apartamento num ponto maravilhoso da cidade. Fica na 8a avenida, entre as ruas 55 e 56, Midtown West. O que isso quer dizer, caro turista? Quer dizer que estou a 3 quadras do Central Park, na entrada do Columbus Circle, que é uma praça linda onde passam carruagens e tem diversas lojas. Estou a 7 quadras do Times Square e todas as pecas da Broadway, e acima de tudo, quer dizer que tenho acesso a 4 linhas de metrô! E aí, meu amigo, é que uma maravilha! Daqui vou para qualquer canto, enquanto onde morava antes (Upper East Side), só tinha acesso à linha do lado leste, que sobe e desce a ilha. Certamente este é um fator que deve ser considerado na hora de checar se você está fazendo um bom negócio. Você mesmo vai ao mapa e certifique-se de há alguma linha de metrô por perto. É o transporte principal da cidade (a não ser que você seja a Blair), então não há nada mais prático do que ter um a algumas quadras de casa. O que não é muito difícil, pois as linhas de NY são muito bem boladas e cobrem a maior parte da cidade.

Mas vamos ao processo pelo qual eu passei para achar essa kitin... ahn, studio magnífico!

Se você ainda não foi apresentado, aqui vai: Craigslist, leitor. Leitor, Craigslist. O site Craigslist (agora tem um aplicativo para o IPhone também, mas não recomendo) é a fonte mais famosa e popular de busca por apartamentos nos EUA, e principalmente em NY. É um site mal feito, horroroso e nada auto-explicativo. Mas é o que temos! Então vamos lá:

1 - http://newyork.craigslist.org/

Entrou? Bom... Aí vem a primeira pergunta: Por quanto tempo você pretende ficar na cidade? Se você for ficar até 1 ano, o ideal é entrar em sublets/temporary (3), mas se for ficar 1 ano ou mais, vá em apts/housing (1). Sublet é quando uma pessoa subloca (tá certo isso?!) o apartamento dela para você por um período de tempo em que ela estará viajando ou por qualquer outro motivo. Existem diversas formas de fazer isso, e eu não sou nenhuma expert. Mas comigo foi assim, enquanto o casal que mora aqui está na Europa, eu estou subletting o apê deles!

Se você for ficar mais de um ano, sorte a sua, pois pelo mesmo preço cobrado em alugueis de curta-duração (short-term rents), você arruma um lugar bem melhor se alugar por mais tempo.
Dependendo do seu orçamento, pode ser uma boa procurar um quarto em um apartamento e dividir com outras pessoas, aí vai no rooms/shared (2).


Bom, agora que você está vendo um montão de links desordenados na sua tela, pode começar a filtrar: a começar pela localização. Manhattan, Queens, Brooklyn, Bronx, etc. Eu não tenho experiência fora de Manhattan, mas já ouvi dizer que Astoria, no Queens, é um lugar tranquilo de se morar, e mais em conta do que a ilha. Já o Brooklyn, onde todos dizem ser o máximo, eu concordo parcialmente. Gosto de Williamsburg, mas para mim, o bacana é só uma rua, a Bedford, onde os alugueis facilmente se comparam com os preços exorbitantes de Manhattan. De novo, fique de olho se onde você for morar tem alguma linha de metrô ao alcance dos pés, senão há grandes chances de ser uma roubada.

Depois, coloque o preço máximo do seu orçamento, e eu indico colocar os que têm fotos. Ah, e se você tiver um animal de estimação tem lá uma opção para isso. Muitos prédios não permitem!

O NY Times Real Estate também é uma boa opção para quem vai ficar por mais tempo na cidade. Mas se o seu negócio é short-term e você não quer pagar mais de U$2000 (que é quanto os corretores vão te 'cobrar'), entre de cabeça no Craigslist.

Mas, cuidado. Nós que somos cariocas bem sabemos da natureza duvidosa de certos seres humanos! Então não vá achando que tudo são flores, por isso o ideal é você arrumar um lugar que possa ficar por algumas semanas enquanto vai visitando os prováveis lugares em que você considera morar. É ver para crer.

Aqui tem boas dicas sobre os famosos "scams" do Craigslist.

Algumas dicas:
  • Em Manhattan, mais ou menos a partir da rua 96 para cima é o Harlem. Que é bacana, mas não é tão valorizado quanto Manhattan. Quanto mais para cima, menos "bonito". Até a rua 110 mais ou menos é o Spanish Harlem, um lugar com muitos imigrantes hispânicos, e hoje em dia em sua maioria, mexicanos. É por lá que tem aqueles coros famosos de igreja, com música Gospel. Enfim, muitas vezes as pessoas anunciam imóveis no Harlem como se fosse o Upper East Side, e cobram o preço do lugar. Não caia nessa!
  • Boas perguntas a se fazer são: Onde fica o metrô mais próximo? Qual andar? Tem elevador? As contas estão incluídas (gás, luz, internet)? Tem barulho da rua (fundos/frente)? Tem problema com ratos (isso é sério, tem áreas conhecidas por isso!)?
  • Palavras-chave no título do link: Doorman building; quer dizer que tem porteiro e aí fica bem mais caro - Exposed brick; tijolos "à mostra", é considerado um charme a mais nos apês - Closet space; não sei você, mas eu preciso de armários! - Washer/Dryer; é um luxo, mas se o apartamento vier com máquinas de lavar e secar, é uma ótima! Furnished/Unfurnished; se for ficar por pouco tempo, opte pelos apartamentos já mobiliados.
  • Verifique se é um studio ou se é um quarto em um apartamento, às vezes é complicado de distinguir.
  • Se o preço for menor do que U$800 não se anime - provavelmente não será por mês, e sim por semana ou por um período menor.
  • Não compre tudo o que ouvir/ler. Faça sua pesquisa - pegue o endereço exato e vá ao Google Maps. Lá você pode ver as linhas de metrô perto do local, e com o Street View, passeie pela área. Eu fiz isso nos dois lugares que morei, e quando cheguei parecia que já sabia onde estava! É sempre legal morar num lugar que tenha comércio por perto, e não em alguma área isolada.
Pronto, vamos dizer que você achou um lugar bacana, dentro do seu orçamento, e no período exato que você quer ficar! É meio complicado comprar utensílios para casa em Manhattan, lembro que quando ainda não conhecia nada, tive que ir à Macy's comprar travesseiros e fronha (Ralph Lauren e Tommy Hilfiger. Realmente não há necessidade!!!). Carecendo de humildade, Manhattan acaba com a gente nesse aspecto. Para quem conhece a Ikea, que eu saiba a mais próxima fica em New Jersey, assim como o Wal-Mart. Pelo menos tem um Target abrindo no Times Square, mas enquanto isso o mais próximo fica no Brooklyn, que não é tão longe. Eu sou super adepta das compras online, pode ser uma saída nesse caso. O mais fácil por enquanto é ir em alguma Bed, Bath and Beyond, que não é tão barata quanto os citados acima, mas dá de 10 nos travesseiros de designer da Macy's!

No site do Off-Campus Housing da NYU, tem um guia bem completo sobre mudança para NY. Ele inclui perguntas indispensáveis, uma breve explicação dos bairros, questões burocráticas e etc. Vale a pena conferir.

Aqui vai uma lista de opções que me passaram no 92nd Y quando eu saí de lá. Se você está com um orçamento mais apertado, um albergue pode ser uma boa opção. Os chamados Student Housing geralmente são mais caros, mas têm uma estrutura mais completa.

Student Housing:

Educational Housing Services - 1-800-297-4694 - studenthousing.org

The Pennington - 215 East 15th St. - 212-673-1730

University Place - 212-400-3052 - nystudenthousing.com

New York Habitat - 212-255-8018 - nyhabitat.com (apartment sublets)

for Employed Men:

Kolping House - 165 East 88th St. - 212-369-6647

for Employed Women:

Markle Evangeline - 123 West 13th St. - 212-242-2400

Hostels:

Tone on Lex (has private rooms) - 179 East 94th St. - tonehostels.com - 212-289-0010

American Dream Hostel - 168 East 24th St. - 212-260-9779

Hostelling International - 891 Amsterdam Ave. @ 103rd St. - 212-932-2300

Hostel Fresh - 330 W. 95th Street @B’way - hostelsclub.com

www.hostelweb.com

Hotels:

Gershwin Hotel - 7 East 27th St. - 212-545-8000

Murray Hill Inn - 143 East 30th St. - 212-545-0879

Franklin Hotel - 87th betw. Lexington & Third Ave. - 212-3691000

Amsterdam Inn - 340 Amsterdam Ave. @ 76th St. - 212-579-7500

Hotel Belleclaire - 250 W. 77th St - 212-362-7700

Jazz on the Park - 36 W. 106th St - 212-932-1600

West Side Inn - 237 W. 107th St - 212-866-0061

Sacred Heart Residence (Women Only) - 432 W. 20th St - 212-924-0891

YMCA’s:

Vanderbilt YMCA - 224 East 47th St. - 212-756-9600

West Side Y - 5 West 63rd St. - 212-875-4273

www.ymcanyc.org

Summer housing for grad students, interns, visiting scholars:

International House - 500 Riverside Drive - 212-316-8400 - www.ihouse-nyc.org

No mais, não se assuste com os preços exorbitantes e os apartamentos horríveis que você vai encontrar. Há muita procura e pouca oferta, tudo vale muito por aqui. Vou citar um exemplo de um apartamento que eu olhei antes desse, que sairia por U$1475 no Chelsea:


Olha o tamanho!!! E eu já estava tão desesperada achando que não ia arrumar lugar nenhum que estava considerando. Só desisti depois de perceber, e a dona confirmou, que não havia armário algum!

O meu é mínimo também, mas é uma graça. Tem tudo o que eu preciso, e ainda tem uma varandinha, com churrasqueira e tudo. Mas só deve ser utilizada no verão... É daqueles prédios com escada de incêndio bem característicos.
Partes ruins: A TV desliga sozinha de meia em meia hora; como fica em cima de vários restaurantes, às vezes entra o maior cheirão de comida; o aquecedor é incontrolável; não entra um raio de sol sequer dentro de casa!



Morar em Nova Iorque não é nada fácil, a rotina aqui é muito desgastante, os preços são os maiores do país e falta limpeza. E a luta já começa ao procurar um lugar. Mas não poderia ser diferente né?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

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I'm young and I'm underpaid


O que eu não mencionei no post abaixo (o que diz que o meu verão foi super molezinha) é que, como todo jovem universitário americano (eu sei que eu não sou nem americana e nem mais universitária, mas tudo faz parte da minha pesquisa de campo), arrumei um summer job. Como eu fiquei na Flórida mais tempo do que esperava, comecei a me sentir culpada (esse sistema burguês capitalista realmente tem influência sobre mim) e resolvi ir à luta.

Desde que eu comecei a faculdade tenho me especializados em sub-empregos. Já fui vendedora de loja (no Up Fashion Bazar, na Oh, Boy! Com cada blusa custando R$10 tinha que fazer milagre para ganhar comissão), fotógrafa de eventos, três estágios (por melhor que seja, qualquer estágio se encaixa na categoria 'sub', né?): assessoria de imprensa da Editora Zahar, Globo e Centro de Informações da ONU, e o meu preferido - rufem os tambores - animadora de festa infantil! Não posso nem começar a enumerar as situações que passei nesse emprego, mas envolvem me fantasiar de Pequena Sereia no Shopping Leblon. Tá ok?

Isso tudo para demonstrar que, não, não tenho problemas em trabalhar com nada! E, lógico, é sempre bom ver um dinheirinho entrando ao invés de uma enxurrada apenas saindo. Aí eu ia começar a procurar um emprego aqui. Peguei o carro e fui pelas ruas muito agitadas (not) de Fort Lauderdale analisando minhas possibilidades em tempos de crise. Pedi emprego no Friday's, na Blockbuster (essa era a minha maior aposta!), e até para o meu pai (que me veio com a seguinte vaga: secretária temporária. puxa, brigada pai). Depois de perder os critérios de escolha, fui para o shopping e me joguei nas applications.

Eu tinha um grande dilema: emprego no setor alimentício ou no retail (como eles chamas as lojas)? Ser garçonete ou bartender tem o grande benefício das gorjetas, que podem chegar a 20%. Mas eu tenho nojo de tocar na comida dos outros. Imagina... tem gente muito nojenta nesse mundo. Mas aí se eu fosse trabalhar em loja, poderia ser um tiro no pé. Eu sou uma louca consumista sem critérios e freios (me sinto melhor agora que tirei isso do peito). Assim sendo, como já experienciei antes, eu ia acabar comprando tudo da própria loja. Afinal, tem coisas que a gente pode resistir depois de uma visita à loja. Mas se eu achar um vestido bonitinho, e tiver que dobrar exemplares dele todos os dias e me deparar com 30 peças do mesmo no estoque, eu não me controlo.

A ideia era arrumar uma loja que não vendesse nada que eu gostasse e/ou pudesse usar. (Uma vez pedi emprego na Baby Gap em NY. Se bem que com a coleção da Stella McCartney eu bem podia me expremer nuns ítens XXL). Mas depois de um tempo, ansiosa e impaciente como sou, vi que eu não podia ficar escolhendo. O que me levou ao meu 3-week-dreamjob: Abercrombie and Fitch, mes amis.

Eu tenho certeza que não preciso descrever e nem explicar o que é essa loja, visto que os brasileiros são fascinados pela mesma. Cada brasileiro que entrava lá, saía com mais peças que o permitido pela loja - 2o por cliente. Aí eles começavam a dividir entre os amigos... Os gerentes achavam que eles iam revender as peças, mas eles juravam que era pra tia, pros irmãos, pra prima...

Duas semanas antes estava falando mal da com meus amigos: "É, essa loja é muito ridícula, vendem a mesma coisa há séculos, os vendedores se acham a última bolacha do pacote (adoro essa expressão), e ainda é cara!". Pois bem, entrei lá, e aquele cheiro (o perfume é o Fierce, como respondia todos os dias para vários clientes que queriam cheirar como a própria loja) e a música me contagiaram e me levaram ao computador de inscrições.

Dois dias depois, a gerente me ligou e lá fui eu para a entrevista. No carro, pensei: "Putz, eu não sei nada sobre a loja! O que será que eles vão me perguntar?" Pois bem, perguntei ao Google. Ca-ra-cou, tem todos os detalhes lá. Para começar, eles diziam que você deveria vestir algo da própria loja ou da Hollister (que é deles, só mais barata e mais escura). Lá fui eu vestida com um coletinho da American Eagle - maior concorrente. Ok ok... talvez ninguém repare. Aí cheguei lá e tinham mais dois garotos para a entrevista. A gerente pergunta: "Para qual posição você está aplicando?" A minha cara de 'existe mais de uma posição?' entregou meu amadorismo e eu falei, na maior: "Hmmm... para trabalhar aqui?".

O fato é, descobri que existem dois tipos de emprego: Model e Impact. Os dois garotos - diga-se de passagem, já vestidos com o uniforme da loja e parecendo robôs, com respostas decoradas e puxa-sacos - queriam ser models. Eu falei que eu não estava aplicando para ser modelo, pois achei que era modelo mesmo, aqueles semi-nus que estampam as sacolas. Quem sou eu, néam?

Ah, e como meu lindo e maravilhoso irmão Marco foi chamado para trabalhar lá há uns 2 anos (sim, eles convidam clientes que eles achem que se encaixam no padrão), eu liguei pra ele para dicas na entrevista (isso tudo no carro, ao mesmo tempo que dava um google nas perguntas). Li que a Abercrombie é vista como uma loja racista, que responde por diversos processos e que só valoriza o "All-American lifestyle". As coleções e o estilo da loja se baseiam na juventude americana das Ivy Leagues. Mas é claro, como todo o lugar preconceituoso dos Estados Unidos eles têm que tem pelo menos um de cada exemplar: Negro, Asiático e Latino no meio dos loirinhos.

E introduziram a seguinte pergunta nas entrevistas: "O que você sabe sobre diversidade?". Os dois branquelos responderam a mesma coisa, tudo decorado de alguma parte do site da declaração dos direitos humanos ("Ah, é onde tem preto e branco e todos vivem em paz, blá"). Mas também, né? Que pergunta idiota. Sei lá, pô, todo mundo sabe o que é diversidade. Mas seguindo a dica do meu irmão mandei logo: "Ah eu sei muito sobre diversidade, eu venho do Brasil (que é sempre um mistério para os gringos), meu pai é africano (há!!! eu sou afrodescendente E latina, sério... me contratando eles matam metade da cota) e minha mãe mora na Europa. Além do que, venho de NY, que o lugar mais misturado do mundo." Slapt! (entenda essa onomatopeia como quiser, pode ser eu chicoteando a vaga ou a vaga me chicoteando). Fui contratada.


Logo depois eu pensei 'Nossa, que ideia de girico, eu vou embora em menos de um mês!!!' Mas meu pai sempre me disse que esses empregos aqui nos EUA são assim mesmo, não têm nada de contrato, você sai quando quiser, um beijo me liga. Lá fui eu com a maior cara de quem queria começar uma carreira.

Bom, o uniforme (a policy, como eles chamam) consiste de dark skinny jeans + blusa de botão de manga comprida + all star ou chinelos. Sem piercing (eu tive que tirar o meu do nariz), só podia usar um relógio e um brinco pequeno (eu tinha que esconder meu 2o e 3o furo com o cabelo). Sem maquiagem, cabelos naturais. Nada de unhas coloridas - essa foi a pior parte!

Você teoricamente não é obrigado a comprar nada, mas nada que você usa está bom, então é mais fácil logo se render e adquirir as peças usando seu desconto de "associate". Certas peças têm 50% de desconto (duas blusas, um tipo de calça e um chinelo). O resto todo você tem 30%. Comprei duas blusas, o chinelo (meu all star rosa e havaiana preta não faziam parte da cartela de cores permitidas) e a calça, que é a famosa Jegging - Jeans + Legging! A proposta é ela se parecer uma calça jeans, mas ser confortável como uma legging. E é verdade mesmo... enfim, fiquei toda Abercrombie-like. Para os meninos, também é calça jeans escura, all star ou chinelo de couro, cinto de couro e blusa de botão. Mas aí ainda tem os detalhes: as blusas têm que estar perfeitamente dobradas até o cotovelo e "tuck in" na frente.

É o seguinte: a loja que eu trabalhei (Town Center at Boca Raton) tem 3,5 gerentes. Um deles está em treinamento e é claramente escravizado pelos outros. A gente chefe é pequeninha e muito enfezada. A outra é a mais legal (a que me entrevistou) e calma, e o último é o fanfarrão da galera. Explicando: os Impacters são os que trabalham mais no estoque, recebendo as caixas, colocando alarme, dobrando e colocando no lugar certo. Também arrumam toda a loja, penduranto e dobrando as roupas. Os modelos ficam na loja recepcionando e ajudando os clientes, cuidando dos provadores e trabalhando no caixa. Mas eles também são responsáveis por manter a loja arrumada. Todos ganham a mesma coisa (U$7,25/h).

Depois de uma semana dei graças a Deus por sem Impact, o estoque é o lugar mais divertido da loja. Tá, isso pode soar como papo de recalque (afinal, todo mundo sabe que os menos favorecidos ficam escondidos no estoque!), mas acreditem, ficar na porta da loja com um sorriso falso o dia todo falando para todo mundo que entra: "Hey, did you know our Jeans can make you a star?" (*Você sabia que nossos jeans podem fazer de você uma estrela?) não é pra mim. Malandra como sou, arrumei um jeito de montar caixas e baldes como minha cadeira particular lá atrás, que é mais claro e a música é ótima. Para quem nunca foi a uma Abercrombie, a loja é geralmente escura, e com uma música bem alta e estilo-festa. Cada estação tem sua seleção de músicas, a desse verão era ótima (clica aqui e olha as de Julho). Mas sabe quando você já decora até a ordem das músicas? Já emenda o final de uma com o começo da outra. Pois é, ficar na loja o dia todo é meio perturbador. Já o estoque, é um lugar mais liberal, não porque eles queiram, mas geralmente os gerentes não ficam lá, então dá para conversar, enrolar, usar o celular... E as músicas são muito boas, além de variadas, o que é importante para a sanidade da pessoa.

Eu fiz de tudo. Fiquei no caixa, nos provadores, ajudei clientes, organizei estoque, montei manequins... O horário variava, era geralmente de 4 a 6 horas cada turno. Na minha primeira semana fiz um turno de 9 horas e quase morri. Tudo doía... você vai se acostumando a ficar de pé por tanto tempo. O ruim é que os dias mais cheios eram geralmente no fim de semana, claro. Eu não conseguiria ficar por tanto tempo sem meus fins de semana (não depois de ter animado festas infantis e perder toda sexta, sábado e domingo dos meus 1os períodos da faculdade).

Não sabia o que iria encontrar quando começasse a trabalhar lá. Já no primeiro dia, fui com o look policy todo errado, e depois de muitas advertências.... ainda continuava errando! Sempre fui meio rebelde mesmo...
O pessoal, que quando você é cliente parece super amigável e feliz da vida, na verdade é bem mais baixo astral. Todo mundo faz tudo muito devagar, sem muita motivação! As minhas conclusões são que quem vai trabalhar lá espera mais do que é oferecido - começando pelo salário. O salário mínimo (minimum wage) na Flórida é de U$7,25 - exatamente o que é pago pela Abercrombie. Não tenho ideia de quanto os gerentes ganham, mas sei que eles trabalham demais.

Num turno de 5 horas, você pode tirar um break de 15 minutos. Ou de 30, mas aí você tem que "clock out", o que te faz não ganhar por aquela meia hora tirada. No começo eu tirava sempre meia hora, afinal, 15 minutos era o tempo de chegar na Starbucks e pedir o lanche. Mas, vamos lá: um café e um croissant com cream cheese (sempre saudável) dá quase U$7. Se, além de passar uma hora trabalhando para pagar meu lanchinho, ainda perder mais de U$3,5 por ter saído 30 minutos, realmente dá aquele desânimo! Então aprendi a malandragem: ninguém dá clock out, eles saem por 15 minutos e trazem o lanche para o estoque. Até porque se você não registrar, não dá para saber ao certo quanto tempo você ficou lá fora! Alou, Brasil?

Isso ajudou um pouco, mas realmente, se você for contabilizar as horas trabalhadas, o dinheiro com almoço, gasolina.. uiui. É melhor nem contar! E como o dinheiro vem por hora e não por comissão, tudo é em passo de tartaruga. Por isso que no Brasil as vendedoras querem uma relação tão íntima com a gente! Sábias lojas...

O incentivo para (não) trabalhar lá ainda é maior quando a sua incumbência é abotoar aqueles botõezinhos da ponta da gola da blusa social de toda a loja. Geeente, quando eu achei que já tinha sofrido tudo, me vem o gerente com essa maravilha. Tudo bem chegar lá às 6 da manhã (sim, eu disse 6.) alguns dias... tudo bem dobrar a mesa das blusas pólo enquanto as clientes vão desdobrando uma por uma (aparentemente a Small Rosa é diferente da Small Verde)... Tudo bem furar meus dedos colocando alarme nas roupas. Mas isso?!!!

Na minha terceira blusa com botões-desabotoados, eu já me vi atracada com a tesoura esfaqueando a m* da casa que o botão não entrava!!! Sabe? Para ajudar no deslisamento... Quando eu olho pro lado, tá o gerente parado me olhando e balançando a cabeça no ritmo de: eu-não-acredito-que-você-está-fazendo-isso. Mas vocês acham que isso me deteve?! Arrumei uma técnica de dechavamento da tesoura nos bolsos de cada camisa, e voilá. Aí quando acabei todas as blusas da loja, com a cara mais lavada do mundo ele me leva pro estoque, onde estão todas as irmãs (primas, tias, avós) das blusas sociais e fala: "Ainda tem essas.. para o seu trabalho não ser em vão.". Como assim em vão??! Ele acha que por algum momento eu ia pensar que teria sido em vão abotoar aquilo tudo?! Nananinanão! Eu não podia me importar menos com aquelas do estoque! Mas tudo bem... Deus há de me recompensar.

Fora isso, devo dizer que minhas habilidades de dobra de roupa estão muitíssimo desenvolvidas. Cada peça de roupa tem um tipo específico de dobra, com nome e tudo. E é um tipo de dobra para guardar no estoque e outro tipo para colocar para vender. Depois de uma semana eu já tinha decorado tudo, o que facilita bastante o trabalho.



Não posso ser injusta, a loja tem muitas qualidades. Não é a toa que é o sucesso enorme que é. Apesar do estilo ser muito mais-do-mesmo (quantas variações de xadrez azul há no mundo?), as roupas são de excelente qualidade e fazem muito o meu gosto. Mas o que mais me impressionou foi a organização de tudo.

Como existem milhares de Abercrombies pelo mundo, eles fazem questão de manter uma unidade. Todas as lojas têm que se parecer ao máximo. Quando muda a coleção, cada loja recebe uma nova planta, nos mínimos detalhes. Desde onde as novas roupas vão ficar, passando por quantos "exemplares" de cada tamanho devem ser expostos, até a altura que a manga das blusas penduradas devem ser dobradas. O que eu mais gostei de fazer lá foi montar os manequins. Dá trabalho, mas tem instruções de como fazer tudo!


Ah, e eu era uma das mais velhas lá. Esse emprego é mais para o pessoal que está entrando na faculdade. Os menores de 18 anos trabalham na Abercrombie de crianças.

Foi uma ótima experiência, praticamente uma prova do que seria um high school nos EUA. Um falando mal do outro, intrigas, reclamações, organizações de festas-com-id-falsa. Essas coisas da juventude americana! Tinha um pessoal legal, me diverti bastante.

Agora que voltei para NY, estou pensando se vou me aventurar novamente no mundo dos 'underpaids'. Eu sempre achei que levava jeito para dog walker...


Update: Quero registrar aqui que além de tudo, ainda tive que, a milhas e milhas de distância ouvir frases de apoio dos meus amigos brasileiros como: "A Abercrombie foi eleita o pior empregador nos EUA" (quem votou não tá ligado nas políticas do Wal Mart!); e "Deve ser difícil ficar ralando enquanto tem pessoas que ganham dinheiro pra ficar paradas e serem bonitas nos corredores."

terça-feira, 14 de setembro de 2010

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Summer days (and nights)

Andei pensando muito sobre a desculpa que daria por ter abandonado o blog por mais de um mês. O primeiro motivo seria que eu não estava em NY, então what's the point? Mas, sabe... o que realmente me aconteceu nesses últimos tempos foi: o verão!

Como já disse aqui, fui para a casa do meu pai em Fort Lauderdale (45 min de Miami) e por lá fiquei na sombra e água fresca por mais do que esperava. Não tem muito como descrever esse período com palavras, então preferi ilustrá-lo. E agora sim, estou pronta para outra temporada de perrengues e alegrias na Manhattan!


domingo, 1 de agosto de 2010

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O salvador da pátria (não da nossa, claro...)

Eu achava que, finalmente, tinha encontrado a locadora de filmes ideal. A Vídeo Nacional era o que eu precisava. Pertinho de casa, ali na Carlos Góes. Mas nem precisava ser, afinal o que a diferencia das outras é o fato dela entregar e buscar os filmes de graça! Eu, na minha preguiça de sempre, me dei por satisfeita em me tornar sócia e pagar R$7 por cada lançamento. Aliás, acreditam que mesmo precisando só ligar para que buscassem o filme eu sempre pagava mais de uma diária? Um terror...

E também nunca entendi o propósito da Blockbuster no Brasil (que agora faz parte das Americanas Express). O filme era mais caro e não havia a opção de entrega. Na minha mente empreendedora sempre pensava: "É só comprar uma bicicleta pro cara e cobrar R$2 da entrega. O dinheiro fica para ele e ninguém sai perdendo." Enfim, depois veio uma promoção de o filme custar R$3,50 naqueles dias que ninguém quer alugar filme... menos mal.

Quando cheguei em Nova Iorque e fui à minha primeira aula do curso, logo que cheguei em casa já saí pela vizinhança procurando uma Blockbuster para alugar os filmes citados pelo professor. "Hi, do you know where I can find a Blockbuster?", "Blockbuster? No, sorry.". Como assim? Não tem uma Blockbuster em cada esquina em NY? Nem uma genericazinha? Ah se a Vídeo Nacional não fosse tão Nacional assim...

Pois bem, frustrada, comecei a me perguntar o motivo disso. E aí, após questionar algumas pessoas, elas todas vieram com a mesma resposta: "Você não conhece o Netflix?". Eu, brasileira descrente que sou, continuava a minha busca por uma locadora física, pois a promessa de uma virtual não me soava bem.

Eis que resolvi testar.

O Netflix é a coisa mais incrível que eu já vi (não literalmente, eu adoro dizer que as coisas que eu gosto são as mais incríveis). Eu adoro organização, e isso é o que não falta no site. É assim: a partir de U$9 por mês você se associa e recebe os filmes em casa! Você tem a sua "Queue", a sua lista de filmes. O acervo deles é demais, não tem o que você não ache lá. Sim, galerinha cult de cinema do Brasil, eles têm O Encouraçado Potemkim e Cidadão Kane. Sim, viciado em TV, você consegue ver todas as temporadas de 24 horas, Weeds, Brothers and Sisters, Nip/Tuck, Lost e tudo mais. Tem para todo mundo!


Daí, é só ir montando sua lista com os filmes que você quer assistir (em ordem de preferência) e em um dia útil (quando se diz nos EUA um dia útil é porque realmente é um dia útil) o filme chega na sua casa no lindo envelopinho vermelho da felicidade. E você pode ficar com ele quanto tempo quiser! Tem mais... o envelope que ele vem é o mesmo envelope que ele vai - o selo, o endereço para o remetente (ou agora o destinatário) já estão lá. É só colocar o CD de volta no envelope, retirar a fita que protege o adesivo e lacrar. Aí você vai naquela caixa de correio da esquina e joga lá dentro. Todo esse vai e vem de filmes você recebe por e-mail. O dia que vai receber o filme tal e o dia que eles receberam o que você mandou de volta.


(Sim, Star Wars Old School)

E o maaais incrível de tudo: It actually works! Eu já ouvi dizer que existe algo assim no Brasil, mas nunca tive fé para testar. Acontece que a falta de locadoras físicas por aqui se justifica justamente por isso - todo mundo conhece o Netflix, são mais de 15 milhões de membros (dados de Junho/2010). Dá super certo, por alguns motivos, e um essencial é certamente é a eficiência do correio americano. Aqui as pessoas enviam documentos importantíssimos pelo correio, com prazo apertado, sem falar nas compras que chegam muito bem, obrigada.

Cada página de filme vem carregada de informaçõe dignas de IMDB: Dados completos do filme, trailer, avaliações de membros e avaliações de críticos (do "naipe" de New York Times e USA Today), prêmios e detalhes do DVD que você vai receber - como idiomas, formato da tela, região, duração e etc.

Logo depois de adicioná-lo à lista, aparece uma janela te indicando mais filmes que você possa gostar, se baseando na semelhança com aquele.

Além do sistema de entrega de DVDs, o Netflix disponibiliza um acervo (um pouco modesto, por enquanto) de filmes e episódios de TV para streaming. Ou seja, você pode ver a hora que quiser pela internet. E não é que nem aquela qualidade da Globo.com que faz com que, em Full Screen, a cara da Cláudia Raia tenha 6 pixels. É realmente bom, além de não ter interrupções para aquele carregamento chato ("buffering", como eu te odeio). O máximo que já me aconteceu foi, no meio de um filme, uma tela aparecer, como se estivesse envergonhada "Desculpe, estamos terminando de carregar seu filme para que não haja mais interrupções no futuro". Uma vez só!

E se você não tem paciência para assistir no computador, uma novidade: O Netflix oferece o streaming por outros aparelhos como blu-rays, Videogames (Wii, PS3 e Xbox) e algumas TVs HD que já vem com o dispositivo. Eu tenho o Wii - pedi pelo site um CD (esse eu não tenho que devolver), que eu coloco no videogame e ele se conecta por Wi-Fi à biblioteca online do Netflix e pronto! Acabei de ver um documentário na TV através da parceria Wii + Netflix.

O plano de U$9 é o básico - você pode alugar um DVD por vez e assistir online o quanto quiser. Mas existem planos (todos ilimitados, só dependendo de você devolver o que alugou) de até 8 filmes por vez. Eu tenho o segundo, enquanto vejo um, o outro ja vai chegando - custa U$14.

Uma vez logado no site, eles já separam os filmes para você pelo seu gosto. "Movies you'll love". É assim que aproximadamente 60% dos membros escolhem seus filmes. Isso funciona justamente pela avaliação dos milhões de associados de cada filme. Em média, cada membro já avaliou (naquele esquema de 5 estrelinhas) 200 filmes. A cada dia, são avaliados 4 milhões de filmes!


Eu não tinha noção do tamanho da coisa até pesquisar. Olha isso: são entregues 2 milhões de filmes por dia. Mesmo sem lojas fixas, a equipe é de mais de 2000 funcionários.
Netflix has revolutionized the way people rent movies - by bringing the movies directly to them. With today's busy lifestyles and consumers demanding more value and control, it's no wonder that Netflix has become the preferred online provider of the home entertainment experience. (netflix.com)
Essa é uma daquelas coisas que eu vou chorar semanalmente por não ter quando voltar ao Brasil (junto com os Cupcakes).

Mas, para não dizer que não falei das flores, as Blockbusters existem sim - em versão Express! Mais comum em supermercados, parecem caixas eletrônicos de filmes.

Simples assim: Você busca o acervo - e vou dizer que fiquei surpresa com a quantidade de títulos (praticamente todos os lançamentos) que tem lá dentro - escolhe os filmes que quer, passa o cartão e voilá! O filme sai na hora. Sabe quanto custa?! UM dólar! U$1 por dia! Aí no dia seguinte você vai lá e coloca o filme de novo na máquina. Só! Não precisa de conta, dados, burocracia nem nada.

Tinha uma B. Express perto da minha casa em NY, dentro do Gristedes (supermercado). Mas, não sei porque, nunca quis experimentar. Como estou agora na Flórida (onde existem diversas Blockbuster físicas, sabe-se lá Deus porque) e o correio da casa do meu pai está transferido para o trabalho dele (já que ele está viajando como disse no post abaixo e não teria ninguém aqui), os filmes do Netflix fazem uma pequena viagem extra até chegar na minha mão. Então, busquei uma alternativa enquanto não mudo o correio de volta pra cá, e conheci a B. Express aqui pertinho, dentro de um Publix (supermercado também).

E, por útltimo - ou assim espero - tem a Red Box que funciona exatamente como a Blockbuster Express. Você entra no site e acha o quiosque mais próximo de você. Também 1 dólar.

E eu dando graças a Deus pela Vídeo Nacional...

Por que para nós, brasileiros, tudo tem que ser mais caro, mais complicado? Por que não conseguimos ter a qualidade de vida que se tem em outros lugares? Eu sei, essas perguntas já são muito repetidas e todo mundo está cansado de saber que é assim que é. Mas engraçado né, enquanto pagamos 3x o preço de tudo ainda nos achamos "os malandros"...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

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Registrando a jornada

Meu pai e meu irmão estão numa aventura este verão (é verão aqui pra cima). Com a companhia de dois amigos: Balbi e Prista, eles partiram de Cape Town para o Recife - de barco.
A bordo de um catamarã de 46 pés, o que não falta aos marujos são boas histórias para contar. Desde de pescarias frustradas, passando por aulas de se usar o banheiro no balanço do mar até dar de cara com uma baleia, o resumo da ópera está no blog do Fat Boy - que está imperdível.

Não quero bancar a irmã/filha coruja e fazer mil elogios aqui - por isso confiram por vocês mesmos a diversão que é acompanhar essa viagem online.



www.catfatboy.com

Bons ventos!