terça-feira, 23 de agosto de 2011

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Na Rua da Primavera

(se você procura por frequência tá no lugar errado, my friend!)

Quando me pedem dicas de NY eu tenho várias. Basicamente todas as que estão aqui nesse quase decrépito blog. Mas sempre começo com um lugar e termino frisando o quanto a pessoa precisa ir neste mesmo lugar - daquele tipo de dica que vem acompanhado de "tá, eu te disse isso tudo, mas se alguma coisa ficar de tudo o que eu te disse é isso: Você tem que ir ao Bread!".

O Bread é o meu restaurante preferido de NY. Mas assim, disparaaado. Eu fui lá umas duas vezes com o currículo dentro da bolsa para tentar uma vaga de garçonete, de tanto que eu gostava do lugar. Mas depois acabei desistindo da ideia, assim como desisti de um dia querer trabalhar da Disney (que era tipo meu dreamjob na adolescência): vai que perde a magia, né?

Tive a oportunidade de ir a restaurantes maravilhosos, desde fast food (algum dia eu falo do Chipotle aqui, hummm) até lugares mais finos e elegantes, onde você tem que reservar dias antes. Mas não tenho a menor dúvida quando aponto o Bread como meu lugar preferido para comer na cidade. Eu levei lá todo mundo que foi me visitar enquanto morava lá. E tenho certeza que todas as vezes que voltar é lá que eu vou estrear minha estadia.


Mas vamos ao que interessa - por que ele é tão incrível?

Eu realmente acho que posso estar fazendo um escarcéu e se você for lá pode não se maravilhar tanto quanto eu. Mas a simplicidade do lugar me encanta imensamente. O couvert? Pão com azeite e vinagre. Mas que pão! Uma velinha flutuante e uma florzinha delicada fazem companhia aos pratos simples e deliciosos na mesa de mármore. O clima dá o tom do jantar, que ora pode ser romântico ao som de músicas italianas de amor, ora é uma noite animada com os amigos bebendo vinho e espumante com uma batida latina no ar. Não tem um estilo, é uma experiência única e ponto.

Como a maior parte dos estabelecimentos nova iorquinos, o Bread se caracteriza pela multi-nacionalidade da equipe. Se ouve diversos idiomas, inclusive um português vindo de uma das charmosas garçonetes. A origem da comida? Italiana, não se confunda com o gerente francês. O carro chefe é ninguém menos que o pão, of course. Os paninis são uma delícia, e podem vir acompanhados de salada ou sopa (a de tomate é a melhor que já comi e custa apenas alguns dólares). Mas o que eu recomendo mesmo é o prato de polenta frita coberta com queijo gruyere e cogumelos.



A entrada (que eu farei uma breve descrição mais abaixo) fica meio macabra durante os meses de inverno. Mas basta a temperatura subir um pouquinho para que as portas e janelas se abram para a rua e os banquinhos de ferro formem um lounge ao ar livre, tornando o restaurante super atraente para quem passa. Ao entrar você se depara com um balcão e mesas pequenininhas - bom, nessa cidade é normal que o espaço seja reduzido, né? Mas basta você dar alguns passos mais para dentro para se surpreender com o resto do restaurante. E com os detalhes, únicos daquele lugar.







Fora isso, a Spring Street é famosa por um certo restaurante Balthazar, e outros mais badalados. Mas o que me chama a atenção mesmo nela são esses estabelecimentos mais simples e distantes da populosa Broadway (a rua de compras no Soho, sim é a mesma Broadway dos teatros, ela é tipo uma Av. das Américas que corta a cidade toda). Depois de comer uma comida leve e deliciosa no Bread a boa é comer um pudim de arroz no Rice to Riches ou um crepe de doce de leite com amêndoas no La Crêpe, um do lado do outro, bem na saída do metrô 4,5,6. Hum!!!!


Mas o melhor de tudo mesmo para mim foi como conheci, que representa como a cidade vai se apresentando aos poucos aos moradores: andávamos na rua (eu e minha fiel escudeira Gaby), mortas de fome e de frio (Jesus, que frase impactante). Paramos em um restaurante, sentamos, pedimos o cardápio e cada uma um prato. 5 segundos depois, olhamos uma para a cara da outra e decidimos: não é aqui que vamos almoçar! Saímos nas condições mais adversas - cativamos muito a garçonete que teve que cancelar o pedido - e de repente, no meio do nada, na pacata Spring Street, vemos um toldo preto. O que é isso?! Que horror, qual restaurante que se preza fica fechado assim? E para entrar você ainda passa por uma pesada cortina de veludo vermelha. Ui, alou Edward? Bill? Eric? (pra quem não curte uma nerdice, são todos meus amigos vampiros). Quando a cortina se fecha atrás de nós, isolando o clima gélido do inverno e dá lugar ao clima mais aconchegante do mundo, e mais democrático também, é que a gente decide: esse é o nosso lugar!


Bread Nolita
20 Spring Street, New York, NY 10012(212) 334-1015