sexta-feira, 16 de julho de 2010

Praia de Gringo

Cheguei à conclusão de que o verão na Europa é um saco. Já explicitei minha revolta com a falta de ar condicionado em Paris, e minha experiência agora na Alemanha me leva a crer que esse seja mesmo um mal Europeu! Em uns lugares menos que outros... Até porque a França tende a ficar mais e por mais tempo quente que a Alemanha. Além disso, o metrô de Hamburgo (que também não tem ar condicionado) é beeem vazio, diferente do de Paris.

Mas mesmo assim né. Há quem defenda que é desperdício de dinheiro ficar instalando ar condicionado em países que tem 30 dias de calor. Mas eu acredito que seja um investimento importante! Na semana passada um trem na Alemanha que levava adolescentes a uma excursão (a gente no Brasil tem excursão pra Cabo Frio, na Europa a pirralhada vai conhecer países vizinhos... aiai) ficou sem ar condicionado e chegou a fazer 50 graus lá dentro! Alguns coitados tiveram que sair na maca - calor mata, gente.

Enfim, com a falta de estrutura para essas ondas de calor que aquecem cada vez mais nosso pobre mundinho, há de se encontrar alternativas (eu já pensava em dormir no carro, na garagem).

Timmendorf é uma cidadezinha que fica a uma hora de Hamburgo. E tem praia! Lá parece Búzios, só que europeu. É lindo demais, tem casas imensas, ruazinhas de comércio e restaurantes, músicos nas ruas, muitos chafarizes (é isso?), flores, árvores, trilhas, bicicletas, é o máximo.

Em 2008, quando estive lá no inverno a praia estava assim, ó:



E vendia... sopa!

Chegando em Timmendorf em pleno verão abafado, sentimos logo a brisa que vem do mar, amenizando o calor no litoral. Para o almoço, uma comidinha leve - dois generosos pedaços de Camembert frito, acompanhado de uma salada de folhas e frutas e com bastante geleia de framboesa. Faz muito tempo que não como nada tão bom! E para beber e refrescar, Bole - uma bebida alemã que consiste de champagne e vinho branco com pedaços de frutas. Nela vem um canudo com uma colherzinha na ponta, para catar os, no caso, perfeitas bolinhas de melão. Hummm!


Chegando na praia, como uma boa turista, fiquei impressionada com várias "gringuices"! Para começar, tem que pagar para ir à praia! Ahn?! Pois é, como se fosse um pedágio - você para para que a praia fique sempre bem cuidada.


O mais legal para mim foi me deparar com aquela casinha/cadeira que nuuunca veríamos em Ipanema. Se chama Strandkorb Vermieter, e o aluguel custa 8 euros. É suuuper confortável, tem lugar para os pés, dá para dormir lá dentro que é uma beleza. A areia fica coberta delas!



Mas para os cariocas, a substituição do combo cadeira dobrável + barraca não é a única surpresa. Desde a primeira vez que eu fui à Alemanha, com 14 anos e 20 amigos do colégio, o fato de as alemãs ficarem de topless ainda me surpreende! Naquela época, a criançada brasileira abusava do zoom das máquinas digitais (que deviam ter tipo 2 megapixels naquela época) para registrar os peitinhos alemães. Infelizmente, a minha cara de pau ainda não me permite fazer fotos artísticas da semi-nudez das moças, mas olha aí o máximo que eu consegui:


O mais engraçado é que não são só as gostosonas que dispensam o sutiã do biquini, tá cheio de velhotas e gordinhas adeptas do estilo. É comum mesmo, normal. E nós, brasileiros, nos achamos muito liberais, né? Han... E não é só isso, o povo não gosta de sair molhado da praia. Conforto é tudo nessa vida alemã. Então, quando dá a hora de ir embora, com licença público, mas eles trocam de roupas (íntimas) lá mesmo. As meninas fazem assim: enrolam uma toalha no corpo, tiram o biquini, colocam o sutiã e a calcinha, tiram a toalha, e, calmamente, vão em busca do vestido. De calcinha e sutiã! Lá estava eu jogando meu joguinho no celular (aquele nerd do restaurante que tem no Facebook), quando a minha visão periférica me chama a atenção para um ser de cueca cavada na praia. Discretamente troquei para a câmera e flash! Flagra. Gente, não dá para esperar chegar a um banheiro?

Bom, mas de repente nós que somos os atrasados mesmo. Eu sempre achei uma hipocrisia da sociedade essa diferenciação entre biquini e calcinha e sutiã. Só o que muda é o tecido, mas tapa as mesmas partes. Se a gente pode sair de biquini por que não de calcinha e sutiã??? Mas deixando claro - faço mesmo parte da hipocrisia! E continuo não me incomodando de colocar o short por cima do biquini e ficar com aquela marca molhada parecendo que fiz xixi nas calças.

Pelo que notei, ir à praia para eles é um programa que vai durar o dia inteiro e tem que ser bem aproveitado. Cestas de comida, trocas de roupa, livros, jogos, brincadeiras, livros, e tudo mais que possa caracterizar o "escritório na praia" é indispensável para os dias de verão. Até porque para eles são poucos. Olha esse casal de velhinhos, até com garrafinha de café:

O lado esquerdo da praia é o lado onde não precisa pagar para entrar e é o canto mais 'jovem' (entenda: miserável). Existe um tipo de barraca de camping próprio para a areia, que é só um tetinho na verdade.


Andando mais um pouco, encontramos um píer e barcos, com música alta e jogos de vôlei. Alou Ilha Grande?


Nada de água de coco e biscoito Globo. Se jogue nas batatas fritas e sorvetes! A comida disponível na praia para aqueles (turistas, claro) que não levam sua própria ceia não é das mais saudáveis.
Outra coisa: A água não é tão salgada. Muito esquisito... Ela é meio salgada só. E você pode ir andando pra sempre na água que a areia não acaba - dá pé por muuuito tempo.

Eu sugiro lançarmos um Posto Europeu na orla do Rio. Cobramos eu euros, claro. Colocamos umas 10 cadeiras dessa, vendemos salsichão e batata frita, todo mundo de calcinha grande e sem sutiã. Trocamos os vendedores daqueles sachês nojentos de bronzear, por barraquinhas com protetores fator 100 FPS. Para beber - café! E claro, saquinhos tipo ziploc para colocar as roupas de banho molhadas. Mais alguma coisa?



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