domingo, 14 de março de 2010

Com o pé na cova

Estava com dor de barriga e liguei para o 911.

Resumindo, foi realmente mais ou menos assim!

Anteontem acordei às 11h (só acontecendo alguma coisa pra eu acordar tão cedo) com uma dor incrííível na barriga - dor NA barriga, não DE barriga. Capicce?
Primeiro, deixa eu explicar: aqui em NY estou hospedada tipo em uma residência para estudantes e jovens profissionais. E aqui eu fiz uma amiga, argentina! Só que bem nesse dia, a Gaby (é Gábi e não Gabí), estava em um hotel com o namorado dela. E eu não conheço mais ninguém aqui!
Aí eu pensei... devem ser gases (oh céus, nem sei quem lê esse blog, mas tenho que ser fiel aos fatos). Liguei pra CVS tentando fazer uma voz normal (estava quase chorando de dor!) e tentei explicar minha situação e obter uma opinião da mulher da farmácia, pra que ela me mandasse um remédio. Prestativa, ela só disse: Listen, if you are in pain I can't help you. Call 911.
Eu, que já estava me desesperando, fiquei mais desesperada ainda. Ah, isso porque eu tentei levantar para ir ao banheiro e não consegui chegar à porta do quarto de tanta dor. E conforme eu me mexia, a dor piorava.
Bom, liguei pra Gaby e ela vaio correndo de onde estava. Trouxe remédio de gases pra mim, tomei e nada aconteceu (viu gente, não eram gases!). Aí que começou o circo. Neste mesmo momento a mulher que fica no escritório daqui estava passando no corredor. Em 20 minutos já tinha 4 pessoas no meu quarto e eu não conseguia me mexer e nem explicar o que eu estava sentindo. Aí veio um paramédico daqui, me examinou e disse que eu tinha que ir para o hospital. Tudo o que eu não queria fazer era ligar para o nine-one-one, vocês entendem né? A gente ouve esse número desde sempre nos filmes como: Olha, estou prestes a morrer, tem dez pessoas armadas e um zumbi atrás de mim, venham logo!
Mas, não deu outra. Eu não tinha como me levantar, e aí chegou a ambulância. Que vergonha! Uma mulher e um homem do NY Fire Department, todos equipados, chegaram em uns 3 minutos. E eu com dor de barriga. Que situação...
Bom, lá fui para o hospital, depois de responder mil perguntas. Desci numa cadeira de rodas, sofrendo horrores por estar sentada. Nem preciso dizer que eu fui a sensação do prédio né? Aí entramos na ambulância (a Gaby foi comigo). Metade de mim era a dor e a outra metade era o nervosismo de estar nessa situação (e ainda tinha umas duas outras metades sentindo vergonha e achando graça).

Dentro da ambulância eu pedi pra deitar, porque eu sentia menos dor assim. Fui pra maca. Quando chegamos ao hospital (sem sirene, super desmerecendo meu sofrimento) me tiraram da ambulância de maca e ficamos na porta tentando entrar. E estava chovendo. Que situação II... Eles não tinham o código, sei lá!
O cara da ambulância disse que a média de espera por um médico na emergência nos EUA é de 3,5h! Aí eu já estava feliz da vida né. Entramos num quarto, e a enfermeira pediu pra eu trocar de roupa e por aquela camisola indecente do Jack Nicholson e dar amostra de urina (de novo, não sei quem lê esse blog), 1 minuto depois de tentar tirar a minha roupa eu já estava literalmente berrando com ela falando: Eu não consigo, preciso deitar!!!! Está doendo!!! Doía só de ficar em pé, e muito! Voltei pro quarto e a Gaby disse que eu estava mega branca - e pra alguém perceber isso na minha imensa braquidão é porque a palidez estava forte.
Depois a Gaby foi embora e meu pai (monitorando tudo de longe) chamou o afilhado dele que mora aqui pra ficar no hospital comigo! Olha o trabalho!
Enfim, vou resumir o resto: fiquei dá de 3pm às 1am, chorei fortemente por 1/3 da minha estadia. Gritei com todas as pessoas que trabalhavam lá, encarnei a Maria do Bairro (dá-lhe Thalia) e ficava: "The nurse never comes! She already knows I'm in pain but she doesn't careeeee!". Porque eles faziam tudo com muuuuita calma e eu queria morrer! Tudo era uma espera de 1,5h, pra fazer o cat scan, ultrasonografia, tirar sangue, me medicar... e só foi aparecer uma médica às 21h, me explicando a situação ("we don't know what you have... but we know what you DON'T have" ahan, thanks) e dizendo que o enfermeiro ia tomar conta de mim (neste ponto eu e ele já éramos inimigos mortais). Deu um minuto ela passa de novo por mim super pronta pra ir pra night - fiquei ótima sabendo que a única médica que me atendeu só deu o ar da graça e beijinho, beijinho, tchau, tchau!
Aí pela 3a vez que eu tomei morfina (fiquei highhhh) e outros remédios que entravam pelo lugar do soro eu dormi um pouco do lado de um velho que roncava mais alto do que as caixas de som do castelo das pedras (sim, eu já fui). Talvez devia ser por isso que ele estava lá, ronco alto. E acordei com uma bêbada que chegou lá dizendo: "Eu sou alcóolatra e vim aqui pra dormir. Quando eu acordar, vou pra casa." Dali a 5 minutos levanta ela: "Pronto, tô indo embora". Aí a equipe toda do hospital se reuniu e ficavam: "Chamem a segurança!". E ela berrando: "Eu vim porque eu quiiiiiiis, vou embora quando quiserrrrr!". Eis que chegou um médico muito impaciente, provavelmente já acostumado com essas loucuras e falou que o hospital não era hotel e que ela ia embora só quando fosse liberada. Aí ela deitou e dormiu de novo.
Bom, cheguei ao hospital achando que o Mc Dreamy ia cuidar de mim, com auxílio do Mc Steamy... mas realmente não foi assim. Meu pai estava quase viajando para ficar comigo, mas aí eu fiquei bem. Ninguém sabe como nem porque, mas aqui estou eu, viva e rindo da situação.
Daqui a pouco chegam AS contas do hospital. Cada exame, cada remédio e cada médico cobram um valor. Legal, né??? Eu tenho seguro, mas vamos ver quanto sai isso tudo no final!
Nas fotos eu tô sorrindo, é aquela parte minha que achava graça e pedia: Gaby, we need pictures!

5 comentários:

Anônimo disse...
15 de março de 2010 às 17:12  

Eu sei que esta é a sessão de comentário, mas numa situação dessas é impossível pensar em um!

Karen arrumando maior confusão no Upper East Side porque estava com gases!!!! Quanto eu tive gases na escola na quinta série minha professora me deu um conselho vailosíssimo que eu passo para você. Tá com gases? Peida!!!

ahuahuahuahuahuhuaahuhuahua

OK. Pode até não ter sido gases. Mas eu entendo você. Eu numa cidade onde não conheço ninguém também entraria em pânico na sua situação. As fotos então, valem ouro. Você deitada na ambulância fazendo pose de orkut é algo impagável.

E o post foi muito, muito engraçado. Então, sim, você sentiu dor, mas valeu a pena porque eu tirei alguns risos da situação! ahuahuahuahuahuahu

Boa sorte com a conta hein... talvez com a reforma da saúde saia baratinho...

Bjs!!

Daniel Fraiha disse...
17 de março de 2010 às 11:10  

Genial, Garimpo!

Concordo com o que o Pedro disse, "melhor pra fora do que pra dentro", como dizia uma empregada lá de casa...

Primeira vez que to vendo seu blog, muito legal.

Você realmente é uma menina do Leblon-Puc-New york, né.

hahahhahaha

brincadeira. O sofrimento foi pesado mesmo.

Agora, fiquei curioso com uma coisa na foto
lá em cima. Enquanto você estava na maca querendo entrar, o amigo bombeiro estava testando o novo Ipad??

Cadu Confort disse...
17 de março de 2010 às 13:20  

eu soh tirei uma coisa disso tudo. Vc eh mto cara de pau !

Nice Jourdan disse...
17 de março de 2010 às 21:55  

na maior furada da sua vida...

carol disse...
21 de março de 2010 às 12:59  

Adorei amiga, desculpa por me divertir cm a sua desgraça...

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